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Kali e o mundo irreal

Constantemente no meio das minhas preces eu questiono á Deus… se a dissolução é (ou deveria ser) meu principal objetivo espiritual, porque caralhos eu tenho que perder tempo com coisas humanas aparentemente tão irrelevantes?


Exemplo: fazer conteúdo pra internet… me preocupar em "ser alguém na vida".... chega a ser tosco quando colocado em comparação.


Porém, por questões óbvias de sobrevivência e por não estar afim de passar fome, preciso trabalhar. Não importa o quanto eu queira essa suposta dissolução, estou amarrada aqui. Estou submetida ao corpo e necessidades fisiológicas.


Enquanto minha vontade era mesmo ir pro fundo de uma caverna escura dançar pelada ao som de tambores enquanto invoco a Deusa rezando e cantando em jejum.


Em quantas vidas devo ter feito isso?


Há quantas vidas não tenho total liberdade de fazê-lo pela grade espiritual estranha e artificial que se instalou na Terra?

Eu estou lutando dentro de mim para encontrar um espaço no meio dessa sociedade moderna em que “caiba” o que eu sou… em que, de alguma forma, eu consiga passar tudo isso em posts, jornadas onlines, pequenos textos, marketing…


E sei que é impossível.


Tem coisa que é impossível.


E isso me deixa frustrada, irritada e nervosa!


Enquanto queria eu, passar o resto da eternidade dançando em transe em volta da fogueira, aqui estou eu… precisando arrancar espaços de dentro da vida moderna pra conseguir fazer esse rito retornar. Não só pros outros, mas por mim.


E quanto mais medito mais acho patético.


”Sério mesmo que eu preciso fazer post pro instagram pra sobreviver enquanto tô aqui sentindo você?” - eu digo pra Ela.


E de todo eco primal da escuridão feminina que eu sinto só um cochicho… me parece ilógico me submeter á uma coisa dessa.


E aqui estou.


E parece ser exatamente onde eu deveria estar.


Me forçando a sair do buraco. É fácil ficar na caverna e cultuar em segredo.


Difícil é romper a bolha.


Difícil é enfrentar os perigos dessa grade artificial.


Enfrentá-la é enfrentar á mim mesma, de uma certa maneira.


E fico me perguntando se é que tenho público certo pra me compreender… e não importa. Uma hora ele vai chegar.


Parece que eu não consigo sair dessa porra de armário.


Eu continuo segurando e tentando me encaixar.


E eu rezo pra Deusa pelo amor de deus me leva de volta pra caverna pra eu poder voltar a dançar e não ter que me importar com nada disso.


E ela diz que é egoísmo eu querer tudo isso só pra mim.


Quantas mulheres precisam de mim?


As vezes, honestamente, eu não quero saber.


Mas as vezes, honestamente, eu queria arrastar todas comigo pra de volta dessa caverna e gritar: TÁ VENDO O QUE A GENTE PERDEU?!


Eu sinto os cochichos do seu chamado e sei que é real. E questiono irritada o porque não largar tudo afinal.


E ela diz porque não é só pra mim. Que enfrentar esse mundo artificial faz parte do processo de me despir.


Que resgatar as outras é resgatar a mim.


De que adianta ficar na caverna sozinha, afinal?


De que adianta falar do poder da Grande Deusa se eu não tenho coragem de enfrentar a porra do Instagram?


Não faz sentido…


É que seria tão mais fácil não precisar de nada disso e ter todas nos reunindo novamente em liberdade e prece pela união, pelo divino, pelo sagrado.


De volta na comunhão com a natureza.


Mas se eu não quiser ser a bruxa solitária da floresta, eu vou ter que colaborar com o rompimento da bolha mundial.


E as vezes eu, honestamente, não quero.


Mas as vezes eu, honestamente, queria queimar tudo de uma vez e sei que não posso. Sei que não dá.


A grade é perigosa.


Por isso é mais fácil me isolar. É mais fácil querer meditar em silêncio e atingir o Absoluto sem precisar enfrentar meus próprios medos.


Mais fácil querer achar que não tenho sonhos do que assumir o potencial e tesão em vivencia-los.


Sinceramente… ás vezes não entendo é nada. Penso, penso, penso e não entendo nada sobre o que é evolução espiritual afinal.


Eu pergunto pra Deusa porque preciso fazer essa porra toda se nada disso vai importar no final.


E ela não responde.


Mas eu sinto ela sorrir.


Com um sorriso meio macabro e diabólico de quem sabe exatamente o porquê e me testa enquanto não me permite saber.


17/10/2024

 
 
 

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