Uma visão e o sangue sagrado
- Clara Maria
- 14 de abr.
- 3 min de leitura
Em algum momento essa semana tive uma visão sobre meu sangue
Agora não me lembro exatamente o porque vi isso… na TPM eu fico “mais pra lá” do que pra cá, totalmente fora do tempo.
Uma grande vertigem em que mundo real e o irreal se misturam e eu nem sei qual é a ordem cronológica das coisas.
Mas era algo relacionado sobre a cura através da menstruação.
Eu venho passando por uma purificação muito intensa no meu útero. A cada ciclo, a cada tpm, a cada lunação e sangramento aprofunda mais e mais…
Durante muito tempo eu sentia uma raiva ancestral durante a menstruação sobre aquele momento não ser honrado. Sobre ser tratado como uma coisa qualquer e jogada pra de baixo dos panos dos assuntos cotidianos.
Era uma raiva dolorosa, quase difícil de sentir. Uma revolta.
O papel da mulher foi diminuído ao máximo do que poderia. A doadora de vida, e aquilo que faz a vida (o sangue) ser considerado como nada, como irrelevante.
A visão que temos (e o mundo tem) da menstruação é mesma visão inconsciente que temos sobre a mulher.
Eu sentia essa dor e essa raiva sufocada. Fui trabalhando em mim para que eu mesma pudesse honrar esse momento, ainda que os outros não entendam, e provavelmente não irão.
Fiz rituais tão lindos, íntimos e profundos comigo mesma… coisas que passo em silêncio, faço em silêncio, e só Deus me testemunha.
Bem que eu poderia estar escrevendo pra relatar tudo isso. Mas acho que existe um certo tipo de sacralidade naquilo que a gente faz só com a nossa própria intimidade.
Ninguém precisa saber… nosso corpo sabe. O corpo guarda no coração.
E hoje talvez eu tenha libertado uma parte importante dessa carga ancestral.
Minha menstruação vem amanhã, então hoje estou no ápice da TPM. Acordei cansada, com muita dor de cabeça, e me sentindo completamente alucinada… parecia nem estar aqui.
Eu rezei novamente (como ando rezando muito ultimamente) pra Deus me levar pra natureza. Eu preciso estar perto dela e senti um buraco nos separando.
Fui pra dentro desse buraco… a saudade dela… a saudade de mim.
E então chorei com muita dor porque ninguém se importa.
”Ninguém se importa com esse sangue, com essa menstruação… ninguém se importa com ela, ninguém está nem aí se isso é sagrado e o que isso faz de mim…”
Ninguém se importa com a mãe. E essa é a grande dor da mãe. A dor da mulher.
Algo tão soterrado que ninguém se importa mais.
E depois desse choro eu tive uma linda visão (parecida com tantas outras desses últimos meses) me mostrando a divindade no sangue…
Esse sangue feito de fogo, de minerais, de água, de vitaminas… sangue com todos os elementos da terra, sangue que corre em mim e vem direto Dela.
E, bem lembrado agora, estava ONTEM explicando pro meu filho o porque da menstruação.
Ele me perguntou se eu sangro todo dia e eu disse que não. Disse que é apenas uma vez no mês, quando a “caminha do bebê” vê que não vai ter bebê, e então ela se dissolve…
Falei pra ele que meu sangue foi a “caminha” dele. Que ele foi feito do meu sangue e morou lá na minha barriga.
Eu amo falar pra ele que ele morou na minha barriga!
Vocês tem noção do que é isso?
Claro que não. Nós não temos nenhuma.
Nós não conseguimos honrar nossas próprias mães de tantas mágoas e rancores.
E nossas mães também não honram os próprios corpos, de tantas mágoas e rancores.
É um longo trabalho.
Mas quem sabe, a cada ciclo que passa, quanto mais eu achar esse sangue bonito, mais eu incorpore sua divindade afinal.
08/10/2024
Comments